domingo, 20 de julho de 2014

Só mais uma nota para eu mesma

Às vezes pesa, né? "Ser alguém na vida".

Arrumar um emprego que seja o suficiente para te manter um mês e que ainda reste um pouco para guardar na sua recém conta aberta no banco. Responder a questões de familiares perguntando sobre sua vida amorosa, como se afirmassem que aos 20 anos você já deveria ter alguém. Pesa ver que as cobranças dos outros em cima de ti por vezes são maiores do que as suas próprias.

Eu tenho o meu próprio tempo.

Eu tenho o meu próprio tempo para ser quem eu quero ser, mudar o quanto quiser, ir para onde bem entender e estabelecer o que é ou não prioridade na minha vida. Ah, a vida. Tão curta, né? Tão... efêmera. Para algo tão curto assim, o "ser alguém na vida" se limitaria a um padrão de ter que estudar, crescer, arranjar um emprego, casar, ter filhos e morrer? Tudo isso em um limite certo de idade?

Esse "ser alguém na vida" tão padrão não serve pra mim. Sinto dizer, mas não serve.

Eu quero ter um emprego, ter tempo para fotografar aos sábados à tarde, pegar uma mochila e pisar no mundo, sem muitos planos em mente, sem quase nada definido e programado. A vida não tem que ser assim, cheia de padrões, de pressões, de "você tem que ser assim, viver assim, fazer isso para ser feliz, bem sucedido". Eu quero poder jogar tudo para o alto quando quiser e se for para tudo cair de volta em cima de mim, que caiam. Eu tive coragem de jogar, ao menos. É, coragem. É isso que falta. Coragem para enfrentar essas cobranças disfarçadas de questionamentos de indivíduos que mais querem palpitar sobre a vida alheia do que, de fato, ouvir.

Coragem para abraçar o que se é.

Coragem para agarrar aquelas vontades, sonhos e objetivos - que passaram tanto tempo ofuscados por puro medo de não conseguir alcançá-los ou por não suprir as expectativas alheias. Pegue-os pelas mãos, puxe mesmo, com vontade, façam com que deem o primeiro passo e pronto, estão quase lá. Foi tão difícil assim? Resgatá-los e agradar a única pessoa que, de fato, convém ser agradada? Você mesma?

Esqueça o tempo. Esqueça aquela lista de "coisas que todo mundo precisa fazer antes dos 25". Esqueça as regras e limites que impõem à idades. Nós não somos números, não nos limitamos a um, dois números.

As coisas, no fim, acontecem quando você quer que elas aconteçam.
Tire o seu tempo, seja o seu tempo.

22 comentários:

  1. A sociedade criou um padrão de metas alcançadas para você ser considerado "bem de vida". Por isso a gente encontra tanta gente infeliz e muitas vezes em depressão, essas pessoas não tiveram força suficiente para dizer "eu não quero um emprego de 8 horas diários", "eu não quero casar", "eu não quero ter filhos", "eu não preciso ganhar mais do que três salários mínimos" etc..

    Já passei por situações bem engraçadas (agora eu acho) de familiares me perguntando quanto eu ganho na minha profissão (designer). Acho essa pergunta muito intima até para familiares (o que isso interessa a alguém?), mas respondi, e recebi um belo "nossa, só isso? Estudasse tanto pra ganhar só isso?" e quando eu digo que na minha área é assim mesmo, a profissão ainda não é regulamentada, não temos sindicato, as pessoas não dão o valor devido ao trabalho, escuto "e porque você escolheu trabalhar logo com isso?". Faço minha cara mais simpática e falo um sonoro "porque eu quis, porque eu gosto".

    É complicado fazer a vida com tanta gente ao redor que se acha dona das nossas vidas e dão pitaco em tudo. A gente tem que saber levar de mão e mostrar que somos felizes do jeito que escolhemos ser. É fácil pra gente, difícil pra eles, mas um dia chegamos lá! =)

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  2. Tão bonito seu texto, tão leve!!
    Nesse mundo de hoje eu sofro... pois as pessoas estão mais preocupadas em terminar um serviço do que ser bom com o próximo....
    Não gosto dessas regras bobas sabe? Temos que viver com o que e quem nos fazem felizes :)

    www.chadecalmila.com

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  3. Também odeio ter que fazer as coisas no tempo certo, na idade certa. Odeio regras e tudo padronizado ou programado. Odeio quando tenho um dia programado para fazer isso e isso, sabe? Gosto de quando as coisas vão surgindo e eu vou fazendo de acordo com a minha vontade, afinal tudo que a gente faz com vontade sai bem feito né? Adorei demais o seu texto!

    Bitocas!
    www.likeparadise.com.br

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  4. Ultimamente estou percebendo o aumento de pessoas que pensam da mesma forma que você e eu. E a maioria são pessoas com a nossa idade. Uns nos chamam de perdidos e outros dizem que somos a geração que corre quando as coisas apertam. Meus pais usam o termo "falta de amadurecimento" para tudo que foge desse padrão, mas mal sabem eles que, felizmente, não precisamos seguir aquilo que nos é imposto para sermos maduros, felizes e encontrarmos a realização pessoal e profissional.

    Enfim, belo texto!

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  5. Estou no mesmo dilema que você ... emprego, casa, família, namorado ... tudo de uma vez só, quem é que aguenta?! Porque temos que ser "bem de vida" e não só, estarmos feliz consigo mesmo!?

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  6. gostei mt da sua reflexao! é isso, temos msm que nos aceitar, ser quem somos e respeitar nosso proprio tempo....

    www.tofucolorido.blogspot.com
    insta:liviaalli

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  7. Bru estamos vivendo a mesma situação hahahah fiz uma postagem com o mesmo pensamento, ainda nem foi ao ar.. mas li seu texto e me identifiquei
    Essa coisa das pessoas quererem estipular prazos e metas pra gente não dá =D

    Beijos

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  8. Bru esse teu texto foi simplesmente fantástico! Eu realmente estou passando por isso agora sabe? Estou em um emprego, que permite que eu pague minhas contas e tal, mas poucas vezes estive tão infeliz em um emprego como estou agora, e as vezes o que eu quero ser de verdade acaba sendo deixado no fundo da gaveta. Por diversas vezes deixei de fazer coisas que eu poderia fazer só por conta desses padrões.
    Obrigado por escrever de maneira tão real e que me ajudou bastante. =)
    BlogInstagram

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  9. Eu souuuuuuuuuuu sua fã :)
    fato, mesmo você escrevendo pouco no blog. Gostaria que você pudesse escrever todos os dias um post. Eu seria mais feliz!
    Estava eu lendo outros post e cho muito bacana da forma que você coloca, até mesmo suas reflexões que serve para muitas pessoas. Dicas que também adoro e assim por diante!

    Beijo grande,

    Veja as últimas novidades do blog e me diga sua opinião!

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  10. Olá, Bruna!
    Tens razão em simplesmente tudo. É incrível como tudo muda à medida em que crescemos. Cobranças chegam sem parar a cada aniversário. O que queremos mesmo é que as pessoas vejam que somos únicas, todos são únicos, e cada um alcançará o que deve ser alcançado no momento certo. Apenas ser amado e saber que sim, acreditam em nós, que sim, torcem por nós, e que sim, querem nos ver melhor sempre, é uma coisa, já cobrar tudo isso e comparar idades e com outras pessoas, já é extremamente egoísmo com o sentimento de quem se ama. Magoa. Criei um sistema de defesa, em que com algumas perguntas e/ou frases, simplesmente me transmito pra outra dimensão e finjo que não ouvi, mudando de assunto de forma suave, pra não soar grosseria. Ando me saindo muito bem nisso :)

    Beijos!

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  11. Feliz de quem escreve a própria história e vive ela intensamente. Até porque a vida é curta demais pra gente viver a vida dos outros, não é mesmo?

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  12. Bru,
    eu acho isso tão sinistro. Teoricamente, você cresce e, por ser grande, as pessoas deveriam parar de querer cuidar de cada passo seu. Mas então, cheguei aos quase 30 (28, daqui a pouco mais de 2 meses) e percebi que quanto mais você não prioriza o padrão, mais as pessoas cuidam da sua vida.

    Há momentos de "foda-se" (com o perdão da palavra), mas também há alguns momentos de desespero. As sociedade pressiona de uma forma, que se você não tem uma estrutura forte acaba pensando "o que há de errado comigo?". É um inferno isso.

    Eu, particularmente, me identifiquei com o seu texto, porque sempre segui o MEU ritmo e as minhas convicções. Acabei entrando na universidade depois de todos os meus amigos (porque queria cursar em um lugar bacana - não em qq um, como os via fazendo - e precisava de grana pra isso. Grana que meus pais não tinham), acabei deixando de fazer algumas coisas que todo mundo acha que é normal (mas que eu acho que me faz mal) e ainda estou sem o tal "namoradinho". Fora isso, escolhi uma profissão desvalorizada, moro com os meus pais (e tenho que seguir as regras deles, por tabela, não tive a chance de fazer uma viagem internacional ou de conhecer os meus ídolos e ainda mantenho os cachos naturais do meu cabelo. Ou seja, quebro todas as regras dessa sociedade idiota que acha que tem o direito de ditar o que cada um deve fazer.

    Tenho o meu ritmo e, sendo sincera, não me arrependo. Mesmo fazendo algumas coisas depois de todo mundo, mesmo valorizando coisas que pra outras coisas são extremamente banais (agora, por exemplo, to babando no meu passaporte. Tirei essa semana), eu sinto que eu acabo aproveitando mais as coisas quando elas acontecem do que as outras pessoas (foi o que aconteceu com a faculdade!). Por fazer depois, estou mais madura, lido melhor com os problemas, valorizo mais os pontos positivos. Enfim, acaba sendo uma experiência melhor do que a das outras pessoas.

    Você termina o texto com um recado que eu gosto de dar pras pessoas. Geralmente elas me olham com uma cara de "você está louca?". Fico feliz que alguém com a sua idade pensando assim. No fundo, as pessoas que sabem respeitar o seu tempo/ritmo, vivem em paz com elas mesmas!

    Um beijo e parabéns pelo post,

    http://www.algumasobservacoes.com/
    http://teoriapraticaeaprendizado.blogspot.com.br/
    http://nossocdl.blogspot.com/

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  13. Esse obrigação de ser alguém é uma loucura, e é engraçado como fica ainda mais forte quando a gente cresce. Tento me desligar dessas coisas ao máximo e viver minha vida como quero, mas às vezes a pressão é grande demais. E nem digo tanto pela minha família, porque eles nunca me pressionaram diretamente. Mas de mim mesma, sabe? Um desespero que bate de estar fazendo tudo errado, de chegar aos 30 e não ter "nada", esse tipo de coisa, como se o certo fosse chegar aos trinta com um emprego invejável, o carro do ano e o apartamento dos sonhos. Ah, claro. Casada e com pelo menos um filho, por ter o primeiro depois dos trinta é too late. WHAT?
    Não posso dizer que sempre segui minhas vontades, mas tento pelo menos respeitar o meu ritmo. Quero viver minha vida da melhor forma possível e fazer as coisas quando tenho vontade e não porque "um dia vou ser velha demais pra isso". E se ninguém quiser entender , tudo bem, porque cada um tem sua vida pra fazer dela o que quiser.

    Maravilhoso seu texto, Bruna ♥

    beijos!

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  14. lembrei de um post da milena chamado 'eu não quero vencer na vida'. é justamente sobre essa pressão que as pessoas fazem pra gente ser alguém bem sucedido e fazer mil coisas importantes. no final, as pessoas não querem nada disso. só querem uma vida simples. eu quero, ao menos. | Emilie Escreve |

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  15. Você me lembrou daquele texto de "por que a geração y é infeliz". Eu e você estamos naquele texto, e tudo bem. É que as necessidades dos nossos pais não são as nossas, e o que os fazia felizes não nos satisfaz.
    Sou da opinião que existem vários caminhos pra ser feliz, e são caminhos, não fórmulas. Eu sei o que me faz feliz todos os dias, e não veio em nenhum manual pronto, eu criei meu manual, e vou atualizando a medida que coisas novas me acontecem.
    Viver não tem manual de instruções, e se tivesse, eu provavelmente não leria. Ir descobrindo como viver do jeito certo no caminho é mais divertido :-)

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  16. Texto perfeito, descreveu muitos dos meus sentimentos no momento. Inclusive deu vontade de imprimir várias cópias e jogar por aí sabe, pra ver se as pessoas param de se preocupar tanto com a receitinha da vida, do "trabalhar, casar, ter filhos e morrer"! Há tanto mais para fazer, tanto mais para descobrir e viver! Estou contigo nessa, "eu quero poder jogar tudo para o alto quando quiser e se for para tudo cair de volta em cima de mim, que caiam". Um beijo!

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  17. Belíssimo texto Bruna!
    Sabe, eu também penso assim. Meus pais vivem me perguntando o que vou fazer da vida, que estou ficando velha, que nem passei pra faculdade ainda.
    Mas pera aí, quem disse que é uma regra sair da escola e entrar direto pra faculdade? E se eu quiser um tempo pra mim? E se eu ainda não decidi o que eu quero ser?
    Tudo bem que já sei que quero ser atriz, e qual faculdade quero. Mas e se eu não quisesse?
    Conheço uma pessoa que só escolheu a faculdade que iria fazer com 30 anos. Será que ele se considera feliz? E as pessoas, acham que ele é uma pessoa feliz?
    É tudo tão complicado pra sociedade, quando pra mim soa tão fácil.
    Quero ser atriz, ajudar aos pobres, rodar o mundo, adotar crianças, casar só depois dos 35.
    Por que ninguém é de acordo com as minhas escolhas?
    Por que as pessoas sempre se preocupam com a vida das outras? Isso me dá no saco. E quando eu digo que não quero ter filhos.. quero só adotar. As pessoas me consideram aberração da natureza.
    Cada um tem que viver o seu tempo, seja ele qual for, e claro, fazendo na vida o que deixa ela feliz. Se você gosta de fazer algo, e as pessoas dizem que isso não dá dinheiro, na boa, faça o que ama. Antes um pobre feliz, do que um rico triste. (porque na prática, dinheiro infelizmente não compra felicidade).

    Beijos, Garotas Comuns

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  18. Parece que esse texto foi escrito pra mim, nos últimos dias estive pensando e me sentindo cobrada por todas essas coisas que você falou, chega aos 20 as pessoas começam a te cobrar um relacionamento, um emprego específico, uma faculdade, essas coisas, e nem sempre é isso que eu quero! Adorei suas palavras no texto, e que seja assim, poder jogar tudo pro alto a hora que quiser, temos o nosso tempo e nossas escolhas livres. Amei o seu blog!

    http://www.querodemorango.com/

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  19. Há que ter coragem e alcançar os objectivos :)
    *já sigo o blog
    http://retromaggie.blogspot.pt/

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  20. Esse texto definiu a minha vida no momento Bru, mesmo! De uma forma que não consigo nem descrever.... Minha vida é assim mesmo, todo mundo cobrando tudo, eu me cobrando por causa de todo mundo, indecisão e mais indecisão do que fazer com a vida daqui pra frente... Crescer é muito difícil de fato. O que me acalma é ver que muita gente que eu conheço e vejo por aí anda na mesma situação que eu e muitas vezes, mais perdido ainda.
    Mas é bom ler textos como o seu porque dão um ânimo e uma aclamada nos nervos, né? Gostei mesmo, parabéns! Você escreve muito bem mesmo <3

    Ah, eu te indiquei pruma TAG lá no blog, depois dá uma passadinha pra ver! <3
    Aqui o link: http://naocontapraninguem.com/2014/07/31/tag-conhecendo-a-blogueira/


    Beijos da Tabatha!
    http://www.naocontapraninguem.com
    http://www.youtube.com/blogncpn

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  21. Moro em SP há um ano, e só visitei a Liberdade uma vez na vida, acredita? Haha, mas é sensacional mesmo, embora muito agitado, sinto que lá ainda existe uma áurea de calmaria, principalmente domingo, com o solzinho da manhã iluminando aqueles prédios de uma arquitetura bem distinta do restante de sampa. Outros lugares bacanas para conhecer é a Vila Madalena, um bairro em sua maior parte residencial e com umas casinhas super charmosas, bares legais e brechós incríveis (e caros, muitas vezes). Tem também a Rua Augusta, que é a menina dos meus olhos, meu lugar favorito ♥ A Av. Paulista também é incrível, e há ainda muito mais para se conhecer... Adorei o texto!

    Beijos =*

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  22. Lindo, lindo, lindo texto. Transparente. Está salvo como um dos meus preferidos.
    Tenho crises de ansiedade e angústia quanto a idade, frequentemente. O que é só um número.
    Os livros, os filmes, os familiares nos disseram que a linha tênue entre SUCESSO e FRACASSO está em quando e se obtemos certas coisas em determinada idade. Somos padrões, destinados a conquistar metas que nós mesmos não nos impuzemos.

    Um grande beijo.

    www.eunomadiando.blogspot.com.br

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