quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Meu lugar favorito de infância

Cresci no sítio dos meus avós, cresci em volta de muita terra e insetos. Cresci com os queijos e requeijões caseiros que a minha avó costumava fazer nos finais de semana, com o leite puro das vacas e com as frutas da horta do meu avó. Cresci com aquele ar puro que até parece que a gente respira melhor. Cresci com as mãos e pés sempre sujos de terra porque eu me recusava estar em outro lugar a não ser na terra. Cresci fugindo de aranhas que ficavam em teias nas árvores e de abelhas. Cresci em volta de cachorros e gatos. Cresci correndo na chuva e na lama. Cresci correndo de bois no pasto. Cresci tão bem que todas as vezes que eu visito o sítio dos meus avós, sinto que estou no meu lugar. No meu cantinho. Na minha casa.

-x-


Essa árvore fica logo na entrada do sítio, gosto de fotografá-la pelo o contraste que surge dos galhos com o céu. Aliás, gosto tanto de contastes em fotografia.





É, eu acho que gosto um pouquinho de fotografar árvores, sabe? Haha. 






Uma das coisas que eu mais gosto de fazer quando vou visitá-los, é colocar uma boa música e ficar observando a paisagem e sentindo o vento no rosto. Aquele ar puro. Aquela sensação de paz.


Essa é a linda da minha avó. Tirei essa foto sem que ela percebesse, ela é a pessoa mais sorridente e otimista que eu conheço. Sempre está sorrindo, nunca a vi completamente triste. Ela contagia só com o som da sua risada. Devo parte do que sou à ela, por ter cuidado de mim com tanto amor na infância.



Meu avô estava bem tímido e não queria aparecer na foto sozinho, então ele pegou a Xuxinha (sim, é o nome da cachorrinha) para aparecer na foto com ele. Se a minha avó é a pessoa mais sorridente que eu conheço, o meu avô é a pessoa mais calma. Agradeço todo o tempo que ele passou comigo na infância, me ensinando e brincando comigo. Meu verdadeiro segundo pai.


Essa é a entrada do sítio. Muito verde, muita calmaria, um lugar para se encontrar.


Todo mundo tem esse tal cantinho, que se sentem confortáveis, que fazem lembrar da infância. Me conte, qual é o seu?

PS: Queria agradecer aos comentários e todo o carinho que recebi, só me motivaram a continuar postando e visitando cada um(a) de vocês. Obrigada mesmo. <3

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sobre esperança

Estou há quatro meses com a minha segunda tatuagem e resolvi escrever sobre, já que muitas pessoas têm dúvida sobre o processo de cicatrização e dor.

Dia 05 de outubro de 2013  fiz a minha segunda tatuagem. Fiquei alguns meses com ela na cabeça e sem saber como transferi-la para o papel, tentei uma vez com quase nada da minha habilidade em desenho e falhei. Resolvi então ir para o Photoshop, que é um programa que eu convivia diariamente no meu trabalho e tenho mais prática. Pesquisei algumas imagens na internet isoladamente: penas, faixas em estilo old school e rosas. No fim, juntei tudo no Photoshop, modifiquei aqui e ali e pronto, o resultado foi esse. O tatuador ajustou as faixas e fez algumas modificações necessárias. Gostei do resultado no Photoshop e amei o resultado na minha pele.

Sobre o significado: Eu sou uma pessoa muito ligada à esperança. Para mim, a vida acaba quando acaba a esperança. Nos sentimos vivos porque a esperança existe. Esperança de dias melhores, esperança de mantermos o sorriso no rosto, esperança de não nos perdemos, esperança de não perdermos as pessoas que amamos, esperança para não desistir, esperança para lutar, esperança para sonhar além, esperança para enfrentar tudo o que a vida nos traz, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto. Decidi fazer essa tatuagem para que eu nunca, em nenhum minuto, esqueça que dentro de todos nós há esperança. Devemos manter essa esperança, independente da situação e do momento. Que eu nunca esqueça que dentro de mim há esperança, por mais que às vezes ela se esconda, ela está presente.
A frase é do filme "Onde Vivem os Monstros", que é uma graça de filme.

Sobre o processo de tatuagem/cicatrização:  Na minha primeira tatuagem no ombro, em dezembro de 2011, não senti dor alguma, nenhum incômodo pois o tatuador passou uma pomada que, provavelmente, amenizou a possível dor (que já não seria muita, devido ao local). No dia da sessão da segunda tatuagem, fui questionada se iria fazer em uma sessão só, afirmei que sim, mesmo sem a ideia de como seria a dor. Fiquei um pouco amedrontada pelo o fato do desenho ser maior do que o anterior e o local, diferente. É uma dor confortável, por mais estranho que isso soe. Não incomoda, durante a sessão, fiquei conversando, rindo e mexendo no celular normalmente, não me incomodei. Pesquisei e vi que a parte externa do braço é um dos lugares que menos doem para tatuar. Foi super tranquilo. A dor é de pessoa para pessoa, cada organismo reage de uma forma, cada pele é cada pele. Comigo sempre foi super tranquilo, provavelmente devido aos lugares que escolhi (ombro e parte externa do braço, são lugares que doem bem menos do que no pé, por exemplo).
O que mais incomodou, na verdade, foi o processo de cicatrização. Depois de uns três dias após a sessão, a tatuagem começou a coçar muito - lê-se: MUITO mesmo - e a formar as famosas casquinhas. Sabe quando você era criança, caía, ralava o joelho e depois formavam casquinhas que você adorava tirar? Pois então, é mais ou menos assim com a tatuagem. O corpo reconhece como um ferimento e a casquinha é para proteger na cicatrização. Tortura é não poder coçar e não tirar nenhuma. Aguentei.
Depois de mais ou menos uma semana, todas as casquinhas tinham saído e eu já conseguia dormir de lado. Evitei piscina, carne de porco, comidas condimentadas e chocolate por um mês.
Meu braço também inchou um pouco, ficou mais ou menos uma semana inchado.






(Foto tirada um dia após a tatuagem, sim, o braço está inchado na foto)

Fiquei extremamente feliz com o resultado e, por mais que eu tenha falado que será a última, sei que não será. Tatuagem é uma arte incrível que expressa mil sentimentos. É triste saber que ainda existe preconceito acerca dela, mas eu sinceramente não me importo. Eu acho lindo e quero pintar minha pele mais vezes.

E ah, só mais um lembrete para eu mesma: não ofusque a esperança, Bruna.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Her

Her (2013) entrou para a lista de filmes mais sensíveis e tocantes que já assisti. Gosto desses filmes que me fazem pensar enquanto vejo os nomes na lista dos créditos passarem, que me fazem questionar e sentir. A história é diferente e prende, o assunto é atual e nos faz pensar em como tudo isso pode virar realidade em um futuro próximo. Em como as pessoas, inconscientemente, estão cada vez mais sozinhas e como a tecnologia faz parte e influencia nessa solidão e em nossas vidas.

É tão tocante. Os diálogos, as frases.
E ah, como não se apaixonar pela a voz da Scarlett Johansson?

Não sei fazer resenha porque sempre tenho a impressão de contar a mais do que o necessário, falho nessa parte, os posts sobre filmes serão mais como forma de indicação. Portanto, fiquem com o trailer. (E se o fato do filme ser indicado ao Oscar ainda não te motivou a ver, leia alguns comentários sobre o filme no Filmow).







quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Quarenta e nove

27 de janeiro de 2014. 10:00h. Half of My Heart começou a tocar, acordei e desligar a música não foi o primeiro pensamento do dia. Era o dia. Era sim ou não. Tudo ou nada. Era o resultado que eu aguardei durante o ano passado inteiro, era o resultado que me fazia querer continuar mesmo quando o cansaço e o peso de trabalhar e estudar queriam me parar. Ver que me classifiquei em 49° lugar de 50 vagas, me fez ficar por quinze minutos sussurrando para mim mesma que eu seria unespiana, para tentar me convencer de que era real. O meu objetivo se tornou minha conquista. Lembrei dos dias em que o cansaço do meu trabalho fazia com que eu quisesse dormir nas aulas à noite, lembrei das crises que tive e das pessoas que estavam ao meu lado. Tudo aquilo fazia sentido naquele momento. Era o meu momento. Era a minha vez. Era o meu esforço ali, em um número. Quarenta e nove.




Passar em uma universidade pública é um dos melhores e maiores sentimentos que eu pude sentir. Duas vezes. A primeira, em 2011, ainda cursava o Ensino Médio, a segunda, em 2014. Na primeira, Design de Produto, na segunda, Jornalismo. Parar para pensar nessas duas conquistas me fez enxergar em como mudamos em pouco tempo, em como um dia, uma semana, um ano fazem diferença. A primeira vez que sai de casa, ainda menor de idade, foi sem preparo algum. Não sabia fazer absolutamente nada, desde as coisas mais simples - como fazer arroz - até as mais complexas - ir ao banco e resolver questões sobre. Agora, na segunda vez, maior de idade, com a cabeça um pouquinho mais no lugar, sinto que estou preparada para tudo - ou quase tudo - que está para vir.

Ovo, farinha, creme de barbear, tinta e muita felicidade. Tais ingredientes me acompanharam no dia 27/01 inteiro. Na rua enquanto pedia moedinhas no sinal e dentro do McDonald's, enquanto comia o lanche que comprei com as tais moedinhas do pedágio. Pois é. Eu estava feliz, estava com pessoas que importam à minha volta e nada mais passava pela a minha cabeça do que a felicidade daquele simples momento: comer McDonald's com as moedinhas do pedágio com os amigos após aprovação no vestibular. Ah, os pequenos prazeres da vida...

11/02. 11:23h. Pisei na cidade sem limites, em Bauru, onde se encontra o campus - o maior, aliás - da Unesp. Estava tão sonolenta que por alguns minutos esqueci o que estava fazendo por lá. Assim que minha mãe pediu ao taxista para nos levar ao Campus da Unesp, percebi que sim, eu estava prestes a fazer a matrícula. Mais ovos, mais tintas e mais felicidade. A música alta, o clima do lugar, os sorrisos de cada pessoa presente, aumentou ainda mais aquele sentimento gostoso que surgiu em mim desde o dia em que descobri que fui aprovada. Ouvir veteranos gritando o meu nome, me reconhecendo, abraçando, me fez ficar cada vez mais pertinho daquele mundo. Do meu mundo, do mundo que eu faria parte.




Sabe aquela história de que muitas coisas ruins trazem consequências bonitas? Se eu tivesse sido aprovada em Design na Unesp no começo do ano passado, eu não teria trabalhado em um dos melhores estúdios fotográficos da minha cidade, eu não teria entrado em um novo cursinho e conhecido pessoas incríveis que levarei comigo, eu não teria a oportunidade de pensar mais em Jornalismo, não teria a oportunidade de estar dia 11/02, na FAAC, na seção de Comunicação, para fazer a minha matrícula. Eu não seria metade do que sou hoje, por mais clichê que isso soe. Foi a consequência mais bonita que um fato ruim me trouxe.

Tanta coisa está por vir. Coisas que eu nem imagino.
Eu mal posso esperar. Mal posso esperar para dar início aos melhores anos da minha vida.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Tempo certo?

"Você só não encontrou a pessoa certa ainda."
"No tempo certo, a pessoa certa vai aparecer."

Já ouvi frases como essas dezenas de vezes e sempre paro para perguntar: "O que diabos é pessoa certa? E se o certo pra você não for certo pra mim? Aliás, o que é certo?"
Como usar conceitos que limitam tanto quando o assunto é complexo? Quando o assunto é sentimento?

Eu cresci com a ideia de que um dia encontraria alguém "certo" para mim, na "hora certa". Cresci presa à esses conceitos que me deixaram frustrada por nunca, supostamente, ter encontrado ou estar perto de encontrar. Me livrei deles e quer saber? Vivi mais. Vivi sem esperar encontrar alguém e quando acidentalmente encontrava alguém legal, sabia que iria aproveitar enquanto pudesse.

A pessoa certa supostamente é aquela que seria companheira em todos os momentos da vida, que te fizesse feliz e que desse certo? E se isso tudo durar por dois anos e no fim, acabar? Não deu certo, então?
Para mim, não existe isso de definir "pessoa certa" e "pessoa errada". As pessoas são o que são, com acertos, erros, cada pessoa é diferente e vai despertar algo diferente, teremos relacionamentos diferentes e dos nossos relacionamentos, só nós mesmos sabemos. Para quê fechar os olhos e acreditar em conceitos que terceiros impõem sobre relacionamentos que são nossos? Eu faço parte daquele grupo de pessoas que acreditam no: "Se te faz bem e não interfere negativamente na vida de ninguém, vá ser feliz!"

Um dia desses, você pode trombar com alguém no bar, na fila do aeroporto, com a vida toda bagunçada, horários indefinidos e sei lá, eventualmente vocês podem ficar juntos por um tempo. Depois, tudo acabar e você tropeçar com outra pessoa em um restaurante, tudo começa a ir bem e então, tudo desaparece. Aí naquela sua viagem para a Europa, você conhece melhor aquele seu vizinho chato (such a cliché) e vê que ele te desperta emoções que jurava que não sentiria mais. E aí? Qual dessas pessoas foi a certa? No fim, o que importa mesmo é o que essas pessoas te fizeram sentir, o que elas acrescentaram na sua vida e o quão feliz você foi capaz de ser.

Vamos deixam o "certo" e o "errado" de lado, vamos só tropeçar e esbarrar mais em pessoas (sim, só pessoas, sem certo e errado) por aí.

"We’re all seeking that special person who is right for us. But if you’ve been through enough relationships, you begin to suspect there’s no right person, just different flavors of wrong. Why is this? Because you yourself are wrong in some way, and you seek out partners who are wrong in some complementary way. But it takes a lot of living to grow fully into your own wrongness. And it isn’t until you finally run up against your deepest demons, your unsolvable problems—the ones that make you truly who you are—that we’re ready to find a lifelong mate. Only then do you finally know what you’re looking for. You’re looking for the wrong person. But not just any wrong person: the right wrong person—someone you lovingly gaze upon and think, “This is the problem I want to have.”

(Galway Kinnell)